É a cor do céu nas primeiras horas da manhã

domingo, 30 de janeiro de 2011

ROSPO NO METRÔ

Inconformado com o fato de uma senhora sapa viajar ao lado de sua filha sem dizer uma palavra com a sapinha, Rospo bota a boca no ar.
— Minha senhora, chegamos. É a última estação.
— Eu sei, sapo! Eu vi.
— Mas não viu a sua própria indelicadeza, a sua própria estupidez, que geralmente é "Invisível" aos próprios olhos.
— Do que o senhor está falando? Por acaso me conhece?
— Conheci nesta viagem. Por que faz isso com o futuro?
— Você é maluco? Nem sei do que está falando...
— Não trocou uma palavra com a sua filha. Ficou ao lado dela em silêncio, como se ela fosse uma desconhecida...Por acaso não sabe que criança adora conversar? Quer que ela fique parecida com a senhora?
— Seu sapo atrevido! Se eu não conversei com a minha filha, o que o senhor tem a ver com isso?
— Tenho tudo a ver. A criança, o sapinho, é da sociedade, é de todos, é da comunidade dos sapos...Todos devemos cuidar dos pequenos. Não faça mais isso. Não desperdice a oportunidade de conversar com o futuro. Não crie uma geração acanhada, muda, insegura...
— Sapo, foi apenas uma viagem de metrô!
— Foi mais do que isso. Foi uma grande perda! A propósito, meu nome é Rospo.
— Tchau, seu Rospo, tchau...
— Tchau, Sapinha.
— Não fale com estranhos! Eu já lhe proibi!
— Mas, mãe...
— Silêncio!
HISTÓRIAS DO ROSPO — 25
Marciano Vasques

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