É a cor do céu nas primeiras horas da manhã

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

RETRATOS AUSENTES






Cantadas,
Homens magoados,
Outros feridos,
Prantos nas docas,
Nos diques
Nos becos, nos bares...
Sofrendo por suas mulheres.
Gritando paixões, num charco
De tantos perdões.
Mastigando suas dores.
Histórias perdidas
Cerveja e bilhar.
Balcões,
Oficinas
Mormaços,
Neblinas.

Fiapos de sonhos
Em meninas...

Um rosto de porcelana
Não diz nada além...

Homens, mulheres,
Decepando o dorso da serra,
Erguendo a vida
Na fuligem,
Na friagem das suas crianças.

Uma, de amarelinha,
Outra come terra.

Quermesses, a graxa, o copo de vinho,
Arruaça, a fumaça enlaçando vidas
Nas margens das várzeas.
As lavadeiras que esperam seus homens
E num desbotado anil
Torcem cores e fazem varais.
E sonham vagares e tingem os cabelos
Cerzindo páginas e dores
E almas
Amedrontadas e rasgadas
Na ausência
Do afeto.


MARCIANO VASQUES